sábado, 19 de abril de 2008

Evoluções

Num dos primeiros posts, já aqui tinha descrito a evolução do Gastão Elias a lidar com a imprensa. As diferenças entre a forma de estar dos jogadores com os media, para mim, tem sido mesmo uma das coisas mais interessantes de constatar aqui na sala de imprensa em que tive a oportunidade de estar em 2006 e, agora, em 2008.

Também Frederico Gil, que acabou recentemente um curso na Universidade ATP (aborda sobretudo a relação com a imprensa), mostrou-se, este ano, bem mais expansivo do que em 2006. O discurso continua muito cauteloso, mas o próprio, agora, alonga muito mais as respostas do que há um ano atrás. Antes aparentava ser indiferente às câmaras e jornalistas, agora parece já retirar algum prazer das conferências de imprensa.

Já Nikolay Davydenko tinha, em 2006, deixado uma má impressão para a minha pessoa quando apareceu na sala, após ter ganho nas meias-finais, com alguma antipatia e respostas até pouco educadas como aquela que dirigiu a um israelita que apenas perguntou qual a superfície dele favorita: hardcourt ou terra batida? O russo respondeu: «It's a stupid question»!
Este ano, Davydenko tem aparecido com bastantes sorrisos e piadas, como já puderam constatar pela a amostra. Para os jornalistas, que seguem ano após ano o Estoril Open (e também Davydenko), a grande diferença encontra-se no seu inglês de então e de agora. Retirando essa pequena cena, que me marcou muito, a opinião geral é que ele tinha apenas um inglês limitado que o ajudava a tornar-se "seco" nas respostas e desinteressantes para os jornalistas. Agora sente-se muito à vontade.

As conferências de imprensa duram muito pouco, mas é daí que são retiradas boa parte das opiniões sobre os jogadores que facilmente ultrapassa a esfera do jornalistas para as multidões. A imagem de cada tenista passa muito por estes pequenos pormenores.

Também nessa perspectiva, o Estoril Open tem sido francamente positivo para os tenistas lusos, mesmo no plano feminino (que não teve seguimento dentro de court). Neuza, por exemplo, mostra muita iniciativa e à vontade e até foi como que uma espécie de "porta-voz" da única dupla feminina lusa, já que Michelle respondia mais quando era solicitada especificamente por algum jornalista. Na jovem prodígio também se nota muita simpatia e tem uma excelente noção de como comunicar com o seu público através dos media. Frederica Piedade mostra-se também sem receio e é muito directa, o que não é surpreendente pois foi, provavelmente, a tenista portuguesa mais solicitada nesta década exceptuando Michelle, que é um fenómeno mais recente, mas a maior escala.

No homens, para além de Gastão e Gil, João Sousa mostrou-se desinibido e muito convincente. Já Rui Machado nota-se que não há muita atenção mediática nos Futures e Challengers, mas respondeu sempre à solicitação dos jornalistas afavelmente e sem qualquer receio.

Podem parecer pormenores, mas também aqui se "joga" muito. Saber lidar com este factor ajuda atrair a imprensa, que por sua vez se reflecte na popularidade e exposição mediática, que finalmente trazem mais patrocínios.

Também, aqui, os portugueses estão a subir no ranking!


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